Total War: Warhammer III

Total War: Warhammer III é um jogo de estratégia que surge como uma sequela tradicional, no sentido em que tenta expandir e melhorar as bases dos jogos anteriores. É um jogo que mistura uma componente de construção e gestão de um império por turnos a partir de um mapa de campanha, com batalhas táticas em tempo real. Felizmente, Warhammer III cumpre o seu propósito, e apresenta-se como o melhor Total War: Warhammer, e um fantástico jogo de estratégia por direito próprio.

Uma das principais mudanças é que a campanha tem um foco maior em narrativa, contada através de imagens ilustradas e narradas. Através da campanha irá percorrer áreas mais nevadas que nos jogos anteriores, e o Advisor que foi estabelecido no primeiro jogo regressa como uma das personagens desta história. O seu papel será o de guiar a fação que escolher guiar para o deus moribundo, em troca de uma gota do seu sangue. O trabalho do ator neste caso particular é fantástico, e captura perfeitamente a sua natureza ambígua, já que é evidente que ele está a fazer isto por ele próprio, não pelo jogador. É um elemento que funciona, tanto a nível narrativo, como em termos de suporte para novos jogadores.

Em Total War: Warhammer III poderá selecionar uma série de fações. Temos os quatro deuses maléficos - Khorne, Tzeentch, Slaanesh, e Nurgle -, cada um com os seus representantes próprios e mecânicas de jogo peculiares. Desde o super-agressivo representante de Khorne, Skarbrand, ao criador de pragas Ku'gath, que serve Nurgle, vai encontrar muitos estilos diferentes por onde escolher. Tudo isto com uma grande atenção ao detalhe, como o facto de Kairos Faiteweaver (um demónio alado com duas cabeças) ser representado por dois atores diferentes. Para a campanha poderá criar a sua própria personagem, que poderá voltar a alterar durante o jogo, conforme desbloqueia novas partes e elementos.

As dimensões únicas dos deuses que poderá visitar durante a campanha são incrivelmente detalhadas, com grande atenção ao material de origem. O nosso favorito é Tzeentch, mas todas as dimensões estão bem. Com as nações letais que enfrentam a ameaça que o Caos acarreta, temos Kislev. uma nação que serviu de escudo para o resto do mundo da ameaça no norte, e que é inspirada em países como Rússia, Polônia, Lituânia, e Ucrânia. É um povo endurecido e dividido, liderado por três líderes lendários. Uma delas é a recém-coroada Catherine Bokha, que aplica magia de gelo e cuja campanha gira em torno de salvar o deus moribundo. O outro líder é o altamente religioso Kostaltyn, uma interpretação do histórico Rasputin. Ele tem o mesmo objetivo principal de Katarina, mas ambos estão presos numa guerra civil fria. O terceiro só será desbloqueado depois de jogar com os outros dois, pelo que não iremos revelar nada sobre ele. Esta é uma das fações mais fáceis para novatos, já que os seus soldados são híbridos, à semelhança dos High Elves do segundo jogo - podem usar um conjunto duplo de armas que podem ser alternados a qualquer momento, e isso, juntamente com a cavalaria de ursos, confere a Kislev uma identidade muito própria.

A outra facção recém-chegada é Grand Cathay, um reino inspirado na China que é governado por dragões. Se gosta de jogar com um império mais próximo da humanidade, esta é a sua facção. A Grand Cathay também é um ponto de partida mais fácil para quem está a começar a jogar Total War pela primeira vez. Cathay tem uma parede de tamanho titânico que usa para proteger a sua parte do mundo do Caos. Outra particularidade é que os líderes lendários podem usar uma forma humana ou uma forma de dragão em batalha, e assim provocar muitos danos. A líder Miao Ming domina trovões, relâmpagos, e começa a partir do norte, como responsável da Grande Muralha.

Zhao Ming é um líder interessado em alquimia e metal. A sua forma de dragão é revestida de ferro, o que combina com o seu foco em combate corpo a corpo. Ambos têm acesso a um sistema de caravanas muito divertido, por onde podem enviar dinheiro por diferentes rotas de comércio. Existem pequenas histórias ligadas a este sismeta, onde pode fazer escolhas ou proteger as suas caravanas de ataques. Também existe um sistema de harmonia representando por Ying e Yang, e se conseguir manter o equilíbrio, terá vantagens em combate e na campanha do mapa.

Independentemente da facção ou líder escolhido, o jogo está enraizado numa premissa comum. Cada personagem irá subir de nível e ganhar novas habilidades. Lembra-nos um pouco dos sistemas de Heroes of Might and Magic. Irá construir as cidades e arrecadar fundos para comprar tropas, que depois irá usar em batalhas em tempo real que são superiores ao que vimos nos antecessores. Além de um novo pedaço de mundo para explorar, existem muitas outras inovações. Não podemos elogiar suficientemente a escolha de incluir pequenos cercos, que permitem lutar por cidades menores sem muros. Como defensor pode construir torres, paredes de madeira, e barreiras temporárias que o podem ajudar. O facto de ser possível atacar de várias direções também torna as batalhas ainda mais táticas.

A Creative Assembly também acrescentou mais verticalidade às cidades, o que abre mais lugares para emboscadas, artilharia, e outras possibilidades. Até pequenas pontes nas cidades criam novas maneiras emocionantes de lutar, e isto também se aplica aos grandes cercos. Em contrapartida, as partidas estão mais viradas para a conquista de posições para ganhar pontos. Outra novidade é modo de horda onde pode tentar ganhar pontos contra um inimigo que tem forças infinitas. O modo de combate clássico passou por uma grande reformulação. Se jogar no modo multiplayer, não apenas irá escolher as forças com que irá quais entrra na batalha, mas também um grande reforço que pode comprar com pontos. Além do modo multiplayer há também um modo colaborativo para até oito jogadores com três campanhas para escolher.

Há também muitas pequenas melhorias, e o jogo tem uma interface amigável. A diplomacia na campanha recebeu uma grande atualização. Agora pode ver exatamente o que é necessário para um acordo e também pode mudar de cidade. A diplomacia também agora permite que tenha um controlo muito maior sobre os seus aliados, e pode, por exemplo, pedir emprestado um exército a um aliado. Outro recurso importante é que pode ver para onde os aliados estão indo no mapa com zoom reduzido, e agora pode avisar e ameaçar os oponentes se entrarem no seu território. Se eles não saírem pode declarar guerra sem consequências diplomáticas, o que é uma excelente adição.

Adorámos o nosso tempo com Total War: Warhammer III, que pode ser um belo ponto de entrada para novatos. No geral, é como Civilization, no sentido em que é difícil não jogar um turno atrás do outro depois de começar. Total War: Warhammer III é um final muito digno para a trilogia e impressiona com os seus belos mapas de campanha, nível de detalhe, designs assimétricos e excelente banda sonora. É difícil construir jogos de estratégia que consigam ser tão divertidos quanto este, e leva uma recomendação enorme da nossa parte.