Skylanders Superchargers

Com nuvens projetadas nas paredes e sentados em cadeiras luminosas em forma de cubo, sentimos uma atmosfera confortável nesta espécie de lounge onde será apresentado o jogo que estamos prestes a ver. O mais recente capítulo de Skylanders, de acordo com um porta-voz presente, envolve "uma série de ilhas flutuantes no céu". Que conveniente. Estas contemplações zen são perturbadas pelo uivo de dor de um rapaz que, pela terceira vez, esbarrou com o joelho na esquina de um dos cubos.

Há algumas crianças presentes neste espaço, uma audiência algo incomum num evento de apresentação, mas por outro lado este é o público-alvo de Skylanders. Uma colega nossa, que também tem filhos e é testemunha da popularidade da série, define Skylanders como "World of Warcraft para crianças".

Um breve resumo para quem não conhece a série: a ideia básica passa por comprarmos brinquedos em forma de figuras que podem depois ser colocados num portal "mágico", o que as transforma em personagens jogáveis no jogo. Pode não ser "hardcore", mas é uma fábrica de fazer dinheiro. A Activision fala dos números impressionantes no início da apresentação: mais de 250 milhões de brinquedos vendidos, o que fez de Skylanders o franchise mais popular para crianças em 2014. Os produtores clamam os créditos por terem inventado o género "Toys to Life", que hoje vale mais 4 mil milhões de dólares, dos quais Skylanders ganha 3. Números impressionantes, de facto.

Após exibir os números, Guha Bala, presidente da Vicarious Visions, toma a palavra para apresentar Skylanders Superchargers. Esta mais recente edição introduz veículos que, tal como as personagens, podemos comprar como brinquedos de forma a introduzi-los no jogo. Bala enumera uma lista que inclui carros, motas, tanques, submarinos, jatos e helicópteros. Terra, mar e ar. Até existe um OVNI por entre os 20 veículos diferentes que serão disponibilziados. As notícias parecem ter hipnotizado os membros mais jovens do público - subitamente, ninguém se queixa do joelho.

O cenário é composto por mundos coloridos com curvas suaves e entramos no Cloud Kingdom, onde a Rainha Cumulus encarrega-nos da tarefa de recuperar o Thunderous Bolt do Lord Stratosfair, que fez uma aliança com Kaos. Há uma temática da Roma Antiga no ar, o que define o ambiente e o visual de legionário do Lord, enquanto as nuvens também têm implicações na jogabilidade, servindo de esconderijo aos traiçoeiros trolls.

Bala coloca o primeiro dos novos Skylanders, Stormblade, no portal e o porta-voz dá início ao jogo. Tal como nos jogos anteriores da série, Superchargers é um jogo de ação e aventura em plataformas e todos os Skylanders têm habilidades e formas únicas de derrotar os inimigos, com a jogabilidade a misturar o combate com a resolução de puzzles. Stormblade gira plataformas rotativas que refletem um feixe de luz pelos espelhos, e noutro puzzle é necessário guiar um goblin flutuante através de um labirinto. É tudo familiar e já visto em jogos anteriores e da concorrência, mas muito bem feito.

Por fim, chegamos ao ponto alto do jogo. Guha coloca um carro de corrida monstruoso no portal. O seu nome, Hotstreak, rasga o ecrã, juntamente com uma lista das suas habilidades. A jogabilidade muda por completo, com Stormblade a guiar o veículo pelo nível como se fosse um jogo de corridas de karts, com painéis de turbo, saltos e loops. Cada veículo também tem um estilo de jogo diferente e pode desbloquear áreas secretas e atalhos, com um puzzle no final do nível para resolver ao volante.

Pelo caminho, recolhe um baú com peças que podem ser usadas para melhorar os veículos. Os Skylanders mais antigos também poderão usar os veículos, mas apenas os novos Skylanders os poderão melhorar.

Serão lançados 20 Skylanders Supercharger e 20 veículos, com um pack básico que contém duas personagens e um carro. Podemos completar o enredo do jogo através de sequências em terra com os antigos Skylanders, o que significa que não precisamos de comprar figuras novas, mas será preciso um novo portal, que está incluído no pack básico. Contudo, o portal antigo pode ser atualizado através de uma compra digital.

Os veículos têm um aspeto fantástico. Guha coloca um submarino no portal e somos levados para uma pista subaquática. O submarino mergulha e desliza pelos túneis secretos enquanto evita os obstáculos pelo caminho. Usamos os torpedos para destruir um dos geradores de tempestades de Lord Stratosfair e regressamos em segurança a terra. Contudo, o malvado Kaos está a largar trolls dos seus zeppelins e o Skylander tem de ascender ao céu para os travar. A jogabilidade volta a mudar. Desta vez, temos algo que faz lembrar bastante Star Fox, da Nintendo. Nesta sequência de voo, rebolamos, voamos através de anéis e abatemos inimigos. A apresentação encerra assim, com um vislumbre dos três tipos diferentes de veículos.

É fácil encarar os jogos com este conceito como máquinas de fazer dinheiro criadas para levarem os miúdos a chatearem os seus pais. O novo Skylanders Superchargers não fará a vida mais fácil para estas pobres mães e pais, mas é difícil não ver o fascínio. Os novos carros, barcos e aviões são fantásticos e vão levar os mais jovens à loucura. O jogo em si parece divertido e bem adaptado para crianças, sem facilitar muito. Parece feito também para corridas de karts com os amigos, mas por enquanto a equipa não confirma nem desmente. Mas existirá um modo cooperativo, com um jogador a fazer de piloto e outro de artilheiro.

É difícil prever até que ponto o jogo estará aberto a princípio. Podemos usar os velhos Skylanders para jogar a história do princípio ao fim. Mas as secções dos veículos, a grande mudança à série, estão bloqueadas até termos um que permita acesso a essas áreas, e por isso com o pack básico não vamos poder jogar todo o conteúdo. Se adoram a série - como acontece com muitas crianças - isto não deverá ser um problema e todos os veículos podem ser usados como brinquedos normais. Mas não levem o submarino para a banheira - ele não foi submetido a esse tipo de testes.