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Psychonauts 2

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Foi uma longa espera, mas valeu a pena.

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A indústria de videojogos pode ser muito injusta. Apesar de ser um dos mais originais e criativos jogos de plataformas da sua geração, Psychonauts caiu na obscuridade aquando do lançamento, e nem os elogios dos fãs e da imprensa motivaram o aumento das vendas. Como consequência de vendas fracas, pensou-se que uma sequela nunca veria a luz do dia, mas a Double Fine lá conseguiu o financiamento necessário em 2015. E agora, mais de 16 anos depois do lançamento do primeiro jogo, temos finalmente uma sequela entre nós. Melhor ainda, é tudo o que podíamos pedir de um Psychonauts 2.

A história arranca uma semana depois do original, com o protagonista Raz e restantes agentes psíquicos numa missão para mergulharem na mente distorcida do Dr. Loboto. O grupo pretende descobrir quem está por trás do sequestro do chefe dos psiconautas, Truman Zanotto, mas durante o processo fazem duas descobertas angustiantes. Em primeiro lugar, parece que há um traidor dentro da organização, já que a mente de Loboto foi manipulada com armadilhas, e em segundo, é revelado que o recrutador do malvado dentista pretende trazer um vilão psíquico conhecido como Maligula de volta do túmulo.

À semelhança do original, e dos outros jogos da Double Fine, Psychonauts 2 beneficia de um guião de grande qualidade, alternando entre o divertido absurdo, e piadas adultas subtís. É um jogo genuinamente engraçado, enriquecido com excelente direção e desempenho dos atores. Esperávamos ver um pouco mais de personagens como Sacha e Oleander, que tiveram um papel muito mais proeminente no original, mas as novas adições ao elenco são igualmente excelentes.

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Os mundos mentais recorrentes que irá visitar estão repletos de criatividade, e representam de forma genial as lutas internas de cada personagem. Ficámos impressionados com a diversidade de cada mundo, e com a quantidade de estilos de jogo que a Double Fine conseguiu encaixar em Psychonauts 2. Num nível estávamos a preparar pratos para um trio de juízes estilo fantoches, enquanto que noutro estávamos a rebolar dento de uma bola de bowling, num mundo ocupado por germes semelhantes a seres humanos. Pelo caminho, vários mini-jogos, como uma corrida ao longo de um monitor de batimentos cardíacos dentro de um casino. É um jogo com grande variedade e criatividade.

O Psychonauts original continua a ser um dos melhores jogos de plataforma que já jogámos, mas uma das suas maiores deficiências era o sistema de combate. Felizmente essa componente foi muito melhorada nesta sequela, pois os poderes psíquicos da personagem têm agora um papel mais ativo, e irá encontrar maior variedade de inimigos. Ao invés de simplesmente socar inimigos até derrubá-los, agora pode disparar-lhes ondas psíquicas, atirar objetos com o poder da mente, e até usar habilidades temporais para abrandar os oponentes. Alguns inimigos até têm fraquezas relativas a poderes específicos, o que acrescenta um pequeno elemento estratégico ao jogo.

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A seleção de poderes a que terá acesso é basicamente a mesma, mas ao contrário do original, a maior parte desses poderes estão desbloqueados de início, e todos têm as suas próprias árvores de habilidades. Conforme melhora a sua Classificação de Agente, recolhendo Cartões PSI e Imagens da Imaginação, irá ganhar pontos que podem ser gastos no aprimoramento dos seus poderes. Cada habilidade tem quatro atualizações, que melhorar a sua eficácia e até garantem efeitos secundários.

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O elenco de inimigos que irá enfrentar é também muito mais diversificado, devidamente identificados com a temática das lutas mentais das personagens. Numa das mentes que visitámos, a personagem estava a sofrer com mudanças de humor, o que nos obrigou a usar Clarividência para ver o mau humor da sua perspectiva e literalmente destruir a raiz do problema. Noutro exemplo tivemos de lutar contra manifestações físicas de ataques de pânico, que se dividem a si próprias e atacam que forma imprevisível.

Psychonauts 2 é também um jogo bem mais polido que o original, embora ainda tenhamos encontrado alguns problemas. Ter que pausar a ação para alocar os poderes aos gatilhos, conforme os queremos usar, é uma ação entediante que quebra o ritmo da jogabilidade. Bem sabemos que é uma lista de poderes abundante, mas existem formas mais simples e eficaz de fazer isto sem ter de recorrer a menus. Algumas secções de plataformas também podem ser um pouco desajeitadas, sem o refinamento e precisão de outros jogos do género. Felizmente, Psychonauts 2 é muito mais do que um simples jogos de plataformas.

Trata-se realmente de um jogo de grande qualidade. Os muitos mundos mentais estão transbordar de criatividade, sobretudo em termos de design e pela forma como representação as várias doenças do foro psicológico. Depois, o facto do combate ter sido amplamente melhorado, e de existir um elenco de inimigos muito mais criativo e diversificado, também ajuda imenso. A jogabilidade de plataformas podia ser um pouco melhor, e a mudança de poderes é algo trapalhona, mas isso não belisca uma sequela obrigatória, independentemente de ter ou não jogado o original.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
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Jogo cheio de criatividade. Combate muito superior ao original. Argumento com grande qualidade. Olhar inteligente às doenças do foro psicológico.
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Alguns elementos de plataformas podiam estar mais refinados. Mecânica para alternar entre poderes é algo trapalhona.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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