Hoje em dia parece que são poucos os jogos capazes de apostar numa estrutura pequena e sem grande valor de repetição, resultando numa longevidade reduzida. Isto não é necessariamente mau, sobretudo se o jogo proporcionar uma experiência que pareça cheia e completa, e é isso que Maquette faz, apresentando-se como um jogo de puzzles na primeira pessoa. No centro, uma narrativa moderna de amor, envolta por um estilo artístico encantador.
Desenvolvido pela Graceful Decay, Marquete mostra como Kenzie e Michael se conheceram, como se apaixonaram, e como eventualmente se separaram, permitindo ao jogador reviver alguns dos momentos mais importantes da sua vida enquanto casal. O mais curioso é a forma como o jogo opta por apresentar tudo isto ao jogador, nunca realmente mostrando o casal. Vai antes experienciar a história através de recriações desses momentos nas maquetes, e através do desempenho fantástico dos atores. O facto de Bryce Dallas Howard e Seth Gabel serem um casal na vida real parece ter ajudado a transmitir de uma ligação real entre as personagens.
Ao nível de jogabilidade, Maquette pode ser descrito como um jogo de puzzles à base de um sistema de física e de alteração. É que existem duas versões do mundo que vai explorar - uma em miniatura (maquete, de quiser) e outra em tamanho real, mas ao manipular algo na maquete também estará a manipular no mudo real. Pode mudar o tamanho de certos objetos, por vezes de forma drástica, e isso é a chave para a maioria dos puzzles. Existem algumas soluções bastante criativas, mas eventualmente começam a tornar-se algo repetitivos, já que são quase todos variantes da mesma fórmula e conceito. Inicialmente é fácil cair no encanto e na genialidade de Maquette, mas eventualmente cansámo-nos da sua estrutura e até encontrámos momentos de frustração.
Mas a nossa maior queixa em relação a Maquette é o facto de por vezes parecer mais um Walking Simulator que um jogo de puzzles, conforme caminha de um lado para o outro a ouvir exposição da história. Existem alguns momentos criativos, mas não tantos quanto gostaríamos, ou como já vimos noutros jogos do género (What Remains of Edith Finch continua a ser a nossa grande referência). A situação piora nos momentos em que tem de se encolher a si próprio, aumentando a distância que terá de percorrer no "mundo real". Vale que o jogo não é grande, já que não aguentaríamos muito mais tempo a caminhar sem nada para fazer.
É um jogo que se acaba bem, numa tarde ou numa noite bem jogada, e que apesar dos defeitos, tem pontos positivos suficientes para merecer alguma atenção por parte de quem aprecia o género. Já encontrámos puzzles criativos, histórias melhores, e Walking Simulators mais variados e empolgantes, mas no geral, gostámos de Maquette. Não é obrigatório, mas tem as suas qualidades.