No ano passado a Crytek lançou uma versão remasterizada do Crysis original, então com treze anos de idade. Quando foi lançado originalmente, Crysis rebentou com a escala do grafismo, e durante imenso tempo foi considerando como o padrão gráfico. A maioria dos jogadores vieram para Crysis pelos gráficos, mas muitos ficaram também pela liberdade de abordagem, o tema de ficção científica, e o fantástico fato do protagonista.
Havia por isso algum entusiasmo em torno da remasterização de Crysis, sobretudo porque as versões desse jogo para consolas deixou muito a deseja, mas o resultado da remasterização acabou por ser desapontante. A remasterização não incluía conteúdo novo, e a nova 'pintura' gráfica acabou por não impressionar. O resultado foi um jogo datado, que ainda por cima apresentou vários problemas técnicos. Mas a Crytek não desistiu, e agora voltou à carga com remasterizações de Crysis 2 e Crysis 3, lançando-os em separado e em conjunto como uma coleção da trilogia. Pode adquirir cada jogo avulso por € 29,99 ou a coleção por € 49,99.
Na nossa opinião, Crysis 2 é o melhor jogo da trilogia, abdicando de um pouco de liberdade e dimensão dos mapas por uma experiência mais focada e afinada. É um jogo sobre traição e assimilação em que o jogador terá de tentar travar uma invasão alienígena em plena Nova Iorque. Crysis 2 era também um portento gráfico, mesmo que as versões PS3 e Xbox 360 tivessem deixado muito a desejar. Comparando essas versões com as novas, sobretudo em PS5 e Xbox Series X|S, é uma diferença da nova para o dia. A versão original de consolas raramente se aguentava nos 30 frames por segundo, baixando para os 20 com regularidade, enquanto que a nova versão nas consolas mais modernas corre a uns deliciosos 60 frames por segundo. Em cima disso a resolução foi aumentada e foram introduzidos vários melhoramentos gráficos em termos de texturas, sombras, reflexos, e iluminação.
Depois veio a conclusão da trilogia, e mais uma vez a Crytek voltou a impressionar com o detalhe gráfico de Crysis 3 no PC. E mais uma vez, as versões de consolas deixaram a desejar. Visualmente era um título incrível, e em muitos aspetos o original de PC ainda o é hoje em dia. A introdução do arco para jogabilidade furtiva foi uma adição positiva, mas no geral parece-nos que Crysis 3 não conseguiu ser tão bom quanto Crysis 2. A história também não nos agarrou da mesma forma, e as sequências de ação não foram tão memoráveis. Visualmente, contudo, é o mais impressionante desta trilogia, o que é natural, mas também é o que apresenta menos melhoramentos evidentes, comparando com o original de PC.
Individualmente são três bons jogos de ação na primeira pessoa, com uma temática interessante de ficção científica, enriquecida pelos fantásticos poderes proporcionados pelo NanoSuit. O grau de melhoramentos, contudo, depende de onde vem. Se jogou os originais num bom PC, a diferença não será tão óbvia, mas se os jogou nas consolas, vai encontrar grandes diferenças em termos de grafismo e desempenho. O que não vai encontrar é conteúdo novo ou extras interessantes. Pedia-se algo um pouco mais robusto para uma coleção completa de uma trilogia, e parece-nos um pouco de oportunidade falhada nesse aspeto.
Ou seja, se já jogou e até estaria disposto a jogar de novo, a nossa recomendação depende sobretudo de onde e em que condições jogou os originais. Por outro lado, se nunca jogou mas tem alguma curiosidade, talvez valha a pena experimentar Crysis se é fã do género e da temática. Alguns elementos estão datados, naturalmente, mas no geral continuam a ser bons títulos de ação na primeira pessoa. Só é pena que a coleção se limite aos melhoramentos visuais.
<bild<