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Hades

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Quantas mortes são precisas para escapar do Inferno? A resposta está no novo jogo da Supergiant Games.

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Depois de uma longa travessia no Acesso Antecipado, Hades está finalmente disponível para PC e Switch, apresentando a abordagem da Supergiant Games ao género roguelite. Os criadores de Bastion, Transistor, e Pyre, viajaram desta vez para o submundo da mitologia grega, conjurando uma história surpreendente rica, que é possível graças a uma estrutura inteligente do jogo.

O protagonista desta aventura é Zagreus, filho de Hades, que está farto de viver no inferno do seu próprio pai. Zagreus não é, contudo, uma alma penada como os comuns mortais, já que tem forma física, capacidades excecionais, e vive num palácio cheio de luxos. Ainda assim, é o desejo de Zagreus chegar à superfície e abandonar o inferno, mesmo contra a vontade do seu pai. Realizar esse desejo, contudo, não será nada fácil, já que será necessário atravessar inúmeras salas cheias de inimigos.

Felizmente Zagreus terá o apoio de vários outros deuses e personagens da mitologia grega, incluindo Poseidon, Athena, Aphrodite, Ares, e até o próprio Zeus. Estes deuses não podem ajudar Zagreus de forma direta, já que o seu poder é limitado no reino de Hades, mas podem conceder-lhe habilidades e efeitos especiais. O protagonista poderá ainda interagir com várias personagens no palácio de Hades, como o cão de três cabeças Cérebrus, a feiticeira Nyx, e o provocador Hypnos.

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Embora seja um jogo roguelite, Hades tem uma forte componente narrativa, que bem ao estilo da Supergiant Games, é enriquecida por excelentes diálogos e fantásticas interpretações dos atores. Para desvendar toda a história vai precisar de sair do inferno várias vezes, mas não nos vamos alongar mais que isto porque estaríamos a entrar em território de spoilers.

É impossível esconder o facto de que Hades é um jogo da Supergiant Games, já que inclui vários dos traços característicos dos seus jogos. O estilo muito arrojado e colorido da arte 2D, a perspetiva isométrica, a jogabilidade afinada, e a banda sonora vivaça, são elementos comuns a praticamente todos os jogos do estúdio, e Hades não é exceção.

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Este é, contudo, o primeiro roguelite do estúdio, o que por outras palavras significa que Hades tem morte permanente e geração aleatória de níveis. Estes elementos estão no entanto muito bem ligados à história, e funcionam de uma forma que não se torna tão frustrante para o jogador como noutros roguelite, já que o sentido de progresso - mesmo com morte permanente - é muito grande.

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Quando Zagreus morre ressuscita na piscina de sangue do palácio de Hades, sempre disposto a tentar de novo, mas isso é reconhecido pela história e pelas personagens, que comentam o seu progresso e eventos que podem ter acontecido durante a sua última tentativa - como ter derrotado um boss, por exemplo. Zagreus retém também uma série de itens que pode usar no palácio, e que o ajudarão a tornar-se mais forte para a tentativa seguinte.

Escuridão é um item que vai apanhar durante a aventura, e que permite desbloquear atributos muito úteis para a sobrevivência, como a capacidade para renascer uma vez quando morre, ou para ganhar alguma saúde sempre que muda de sala. Chaves são outro tipo de item, que podem ser usados para desbloquear mais atributos de escuridão, ou para ganhar acesso aos diferentes tipos de armas. Também existe toda uma secção de construções que pode visitar, para desbloquear áreas especiais no inferno e no palácio, mobilar o quarto de Zagreus, e até mudar esquemas de cores nas várias salas.

O que não se mantém com cada tentativa são os poderes dos deuses, que têm de ser readquiridos sempre que começa uma nova passagem pelo inferno. Moedas são outro item que desaparece ao morrer, mas que podem ser usados em cada tentativa para adquirir itens ou habilidades junto do mercador Charon.

Quanto à jogabilidade, Hades funciona como um típico jogo de ação. Cada arma tem um ataque primário e especial, mas também tem acesso a um desvio rápido e a um ataque de longo alcance muito peculiar. É que este ataque de longo alcance é usado através de um cristal especial, mas depois de atirar o cristal, tem de o recuperar para voltar a usá-lo. Se acertar num inimigo, o cristal fica 'preso' dentro do seu alvo, e só pode ser recuperado depois de o eliminar.

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Estas quatro ações são a base da jogabilidade de Hades, mas podem ser alteradas de várias formas. A mais óbvia passa pelas armas - a espada é ideal para combate corpo-a-corpo, enquanto que o arco é ideal para ataques à distância, por exemplo -, mas as ofertas dos deuses também garantem muitos efeitos que podem mudar ligeiramente a jogabilidade. Pode aumentar o dano direito dos ataques ou acrescentar-lhes efeitos de dano por tempo, mas também melhorar ou até alterar os ataques especiais. Também pode acrescentar um efeito reflector ao desvio, ou acrescentar-lhe dano, e até o ataque de longa distância pode ser reforçado ou alterado por completo.

É que cada oferta dos deuses vem na forma de três opções, e cabe ao jogador escolher qual é a que melhor se adequa ao seu estilo de jogo ou contexto. Pode optar por ser mais ofensivo ou defensivo, por uma jogabilidade de dano mais direto, ou de ataques pelas costas, e até tornar-se mais ágil ou resistente. Existem muitas possibilidades, e oportunidades não faltarão para explorar, conforme repete o seu percurso pelo inferno.

Esse é talvez o maior problema de Hades - a repetição inerente ao género roguelike. Embora as salas mudem, o facto da jogabilidade ser tão focada em combate acaba por tornar a experiência um pouco repetitiva. Pensamos que alguma variedade na jogabilidade teria ajudado a tornar a experiência menos repetitiva, como um puzzle ocasional, segredos, ou até plataformas, mas o jogo é todo focado em combate.

Felizmente é um sistema de combate bastante bom, com jogabilidade muito afinada, vários tipos de inimigos, e cenários empolgantes. Se aprecia o género roguelike, Hades é uma excelente proposta do género, e claro, se é fã da Supergiant Games, trata-se também de um jogo obrigatório - desde que esteja preparado para a estrutura repetitiva do género.

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08 Gamereactor Portugal
8 / 10
+
Estilo visual soberbo. Jogabilidade compacta com ação feroz. Uma das melhores estruturas roguelike. Personagens cativantes. Enorme profunidade e valor de repetição.
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Gostávamos de ter tido mais habilidades ativas A repetição inerente ao género pode ser cansativa. Gostaríamos de ter mais segredos ou puzzles nas salas.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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ANÁLISE. Escrito por Ricardo C. Esteves

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