Knack 2

Knack foi um dos exclusivos de lançamento da PlayStation 4, um jogo mais virado para crianças, enquanto que Killzone: Shadow Fall seria mais indicado para adultos. Infelizmente acabou por ser uma pequena desilusão, e tirando o impacto de ser um título de lançamento, Knack cedo caiu no esquecimento. Apesar do ligeiro fracasso, a Sony, a Japan Studio, e Mark Cerny, não desistiram, e assim aqui temos uma sequela com a ambição de se superiorizar ao antecessor em todos os aspetos. E conseguiu, ainda que não seja fenomenal.

Knack 2 decorre dois anos depois do primeiro jogo, e atira o jogador de imediato para a ação. Vão controlar a versão gigante de Knack, enquanto combatem uma invasão de goblins à cidade. Depois deste arranque, serão presenteados com uma sequência que mostra a descoberta de enormes robôs adormecidos. A origem destes robôs, agora ativados, é o mistério que alimenta a estória e a aventura. Existe um claro melhoramento a nível de guião e ritmo narrativo, mesmo que as personagens não mostrem grande personalidade - e é um jogo sobretudo para crianças.

Knack 2 mistura combate e plataformas, e existem muitas sequências da segunda categoria, bem mais do que as que existiam no original. Vão correr, saltar, e deslizar através de mecanismos, ventilações a vapor, e canhões carregados, por vezes em tamanho XL, outras vezes na forma reduzida de Knack. É um pouco como jogar com um Ratchet gigante e um Clank, mas os dois fundidos numa só personagem. O tamanho de Knack é determinado pelo número de relíquias que apanha, e se recolherem suficientes, Knack pode ficar realmente gigantesco - quase com um Godzilla a passear pela cidade.

O combate do primeiro Knack era muito básico, e a sequela fez um esforço por tornar esse elemento mais profundo e dinâmico. Podem executar pontapés no peito, atirar adversários ao chão, carregar murros poderosos, e puxar inimigos. Alguns destes golpes e habilidades serão oferecidas em momentos chave do jogo, enquanto que outros são adquiridos através de um menu de progresso. Para contrariar este sistema mais elaborado, foi também acrescentada maior variedade ao tipo de inimigos que vão encontrar. Desde robôs, a goblins com vários tipos de armas, existe uma gama bastante saudável de oponentes. Nota ainda para os cristais vermelhos, que conferem a Knack entra um estado de invencibilidade e ataques poderosos.

Knack 2 inclui uma nova árvores de habilidades para evoluir a personagem, dividida em quatro ramos possíveis. O método mais comum para ganhar pontos para gastar nesse menu passa por eliminar inimigos, mas também podem encontrar caixotes de energia especial. De início não terão acesso aos quatros ramos, já que será necessário adquirir as habilidades nucleares do primeiro ramo antes que possam avançar para o seguinte. É um sistema mais linear do que é habitual, com pouco espaço para escolha, mas oferece algumas personalização das habilidades de Knack.

No jogo anterior, Knack podia ser reduzido ao seu tamanho menor com apenas alguns golpes inimigos, o que foi causa de frustração para muitos jogadores. Nesta sequela, Knack consegue suportar muito mais pancada, e a sua saúde recupera rapidamente se apanharem os fragmentos que saltaram durante o combate. Os cristais amarelos, que no original serviam para alimentar habilidades especiais, servem agora como uma camada extra de proteção, e podem encontrá-los com frequência no campo de batalha.

Em momentos específicos do jogo podem ganhar propriedades adicionais, assimilando características de materiais como gelo, aço e vidro. É uma capacidade que Knack tinha no jogo anterior, mas que aqui recebeu maior profundidade, e que até é utilizada em puzzles. O Knack de gelo pode congelar inimigos com o seu sopro, enquanto que o Knack de aço pode suportar cargas elétricas, por exemplo. Se pressionarem no R1, Knack regressa ao seu formato menor, e as partículas com propriedades especiais saltam e formam uma estátua, algo utilizado em puzzles. O primeiro Knack não soube aproveitar esta capacidade da personagem, por isso é bom ver que houve um esforço por melhorar esse aspeto na sequela.

Outro elemento muito superior reside na variedade e no design dos níveis. Vão atravessar zonas urbanas, museus com sistemas de segurança, desertos áridos, e até mosteiros. É uma boa montagem de localizações, todas com um nível elevado de detalhe e vida, ainda que os níveis em si sejam algo lineares. Pelo caminho existem também alguns segredos, na forma de colecionáveis que podem tentar encontrar. Estes colecionáveis não são apenas decorativos, e estão associados a diferentes acessórios. Se apanharem o número de peças necessárias, podem construir um acessório, mas só podem equipar um de cada vez. Estes acessórios garantem capacidades especiais, como atordoar os inimigos sempre que um cristal amarelo é quebrado, por exemplo.

Por fim, uma palavra sobre o novo modo cooperativ, já que podem jogar toda a aventura com um amigo, tanto online, como offline. Um jogador controla o Knack principal, enquanto que outro assume um clone azul do herói. Este segundo jogador pode entrar e sair a qualquer momento sem quebrar a ação, e permite criar uma dinâmica diferente durante o combate.

Poucas séries evoluíram tanto de um jogo para o outro. Não quer dizer que Knack 2 seja um jogo estupendo - não é -, mas é um jogo muito superior ao original. O combate é mais divertido e tem maior profundidade, o sistema de habilidades e progresso acrescenta alguma personalização, e o modo cooperativo é bastante divertido. Isto tudo em cima de um design mais variado e uma estória mais engraçada, complementada com vozes em português. É um jogo virado para um público mais novo, mais até que algo como Ratchet & Clank, por exemplo, mas não há nada de errado com isso, e pode ser bastante divertido para pais e filhos partilharem - sobretudo porque só custa € 39.99.