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Unravel conquistou os nossos corações na E3 passada, mas foi uma mera paixoneta, ou um amor duradouro?

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Para o grupo de pessoas talentosas nos estúdios da Coldwood Interactive, Unravel foi claramente um projeto pessoal e apaixonante. Foi assim que nos sentimos na primeira vez que deitámos a vista em Unravel e no seu encantador protagonista, Yarny, durante a conferência de imprensa da EA na E3 2015. Agora, sete horas depois de uma viagem até ao final de Unravel, esse carinho mantém-se mais vivo que nunca. Entre todos os anúncios de grandes bombas AAA e explosões, a apresentação de Unravel destacou-se pela sua alma. O produtor, Martin Sahlin, tem claramente uma ligação muito pessoal a este projeto, e embora estivesse notoriamente nervoso por estar naquele palco, conseguiu cativar-nos para a sua criação.

Sahlin não recorreu a grandes chavões ou referências elaboradas pelo departamento de marketing. Em vez disso preferiu falar-nos do seu entusiasmo enquanto criança, e de uma viagem com a sua família que o incentivou a criar Yarny. Depois de fabricar com lã real, Sahlin fotografou a figura em várias localizações, para ter uma ideia de como este jogo inspirado num protagonista de lã poderia passar para o ecrã. Foi um trabalho de amor e paixão, e isso é evidente enquanto se joga Unravel.

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Numa perspetiva mais técnica, Unravel é um jogo de plataformas e puzzles, onde o jogador (enquanto Yarny) vai reviver as memórias de uma idosa. Isso permite ao jogo abordar vários temas, emoções e localizações, não tanto eventos específicos da sua vida. O jogo lida com uma série de ideias e conceitos acolhedores, como felicidade, família e casa, mas também não esquece alguns temas mais sombrios, como morte, perca e arrependimento. Nada novo, já que todos estes temas foram abordados no passado por outros jogos e meios, mas a forma vaga e pouco específica com que Unravel aborda estes assuntos, permite ao jogador transportar as suas memórias, sentimentos e experiências para o próprio jogo. Passa a ser uma experiência pessoal e evocativa também para quem tem o comando nas mãos.

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Muitos jogos precisam de se basear em utopias para mostrarem creatividade e beleza, mas Unravel prova que tudo isso está bem presente no dia a dia, se perdermos algum tempo a apreciar e a admirar o que nos rodeia. O mundo de jogo é obviamente baseado na país natal da Coldwood, Suécia, mas também em objetos quotidianos que nos habituamos a tratar como banais. Tudo isto suportado por um grafismo que parece quase foto-realista.

Unravel não é apenas uma experiência encantadora com gráficos impressionantes e uma mensagem importante, também é um jogo divertido. Se procuram um jogo de plataformas desafiante que exija timings perfeitos, Unravel não é a resposta. Também não segue a estrutura de outros jogos mais amplos e abertos, como Ori and the Blind Forest. Unravel é antes um jogo bastante linear, com percursos bem definidos que devem ser ultrapassados numa ordem específica. Nesse aspeto, Limbo será o que mais se assemelha a Unravel.

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Os puzzles que vão encontrar giram, na maioria, em torno de sistema de física, mas foram pensados e bem estruturados. Terão de utilizar o fio de lã que Yarny deixa para trás, e que permite manipular e interagir com o cenário. Existem muitos usos para o seu novelo, desde criar pequenas pontes para passar, a criar fios de onde pode balançar. Yarny também está preso ao início da sua aventura, por isso terão de ir encontrando mais lã para continuarem o percurso. Como o título em inglês sugere, podem perder todo o fio com as várias ações que têm de realizar. No fim, esse fio vai representar o longo percurso do jogador, desde o início.

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Unravel é realmente um jogo especial, agraciado com um design bastante inteligente - mas justo - de puzzles, um estilo visual encantador e realista, e mecânicas de jogo muito capazes. O maior problema será mesmo uma falta de ideias originais, porque embora muito bem feito, Unravel não é exatamente inovador. Toda a estrutura lembrou-nos de Limbo, e a construção de puzzles à base de física também não é nada de novo. O elemento de lã, que Yarny tem de deixar para se afastar cada vez mais da sua casa de partida, é um toque original que afeta a história e a jogabilidade, mas tudo o resto já vimos de uma forma ou outra. E isso é o único elemento que o impede de ser grandioso.

Felizmente, não é uma falha grave. Apenas não é muito especial, nesse aspeto, embora o seja em muitos outros. Enquanto jogo não é único, mas como experiência, é algo que merece elogios e destaque. Unravel e Yarny prometeram conquistar o nosso coração durante a E3 2015, e conseguiram-no grande facilidade.

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09 Gamereactor Portugal
9 / 10
+
Design estupendo. Grafismo e música encantadores. Jogabilidade perfeita para o conceito. Excelente atmosfera.
-
Não tem muitas ideias realmente novas.
overall score
Esta é a média do GR para este jogo. Qual é a tua nota? A média é obtida através de todas as pontuações diferentes (repetidas não contam) da rede Gamereactor

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